A Cidade


Montes Claros é um município brasileiro no norte do estado de Minas Gerais. Localiza-se a norte da capital do estado, distando desta cerca de 422 km. Ocupa uma área de 3 568,941 km², sendo que 38,7 km² estão em perímetro urbano e os 3 543,334 km² restantes constituem a zona rural. Sua população, conforme estimativa do IBGE de julho de 2021, era de 417 478 habitantes.

Montes Claros foi emancipada no século XIX, tendo, há bastante tempo, a indústria e o comércio como importantes atividades econômicas, sendo considerada um polo industrial regional. Atualmente é formada por dez distritos e subdividida ainda em cerca de 200 bairros e povoados.[10] Conta com diversos atrativos naturais, históricos ou culturais, como os Parques Municipal Milton Prates, Guimarães Rosa e Sapucaia, que são importantes áreas verdes, e construções como a Catedral de Nossa Senhora Aparecida e a Igrejinha dos Morrinhos, além dos vários sítios arqueológicos.

Origens e pioneirismo

As terras do atual município de Montes Claros eram, até a década de 1760, habitadas apenas pelos índios Anais e Tapuias. Por volta do ano de 1768, uma expedição composta por 12 bandeirantes, a Expedição Espinosa, desbravou a região à procura de pedras preciosas, e embrenhou-se pelo sertão do Norte da Capitania de São Paulo e Minas de OuroFernão Dias Pais, o governador, organizou uma bandeira, para conquistar aquela região.[12]

Antônio Gonçalves Figueira, que pertencia à Bandeira de Fernão Dias, acompanhou-a até às margens do Rio Paraopeba, onde, com Matias Cardoso de Almeida, abandonou o chefe, que voltou para São Paulo, chegando lá dois anos depois. Naquele lugar, Antônio e Matias construíram fazendas, cujas sedes foram crescendo e se transformando em cidades, mataram índios e continuaram a explorar as riquezas da região. Pelo alvará de 12 de abril de 1707, Antônio Gonçalves Figueira obteve a sesmaria de uma légua de largura por três comprimentos, que constituiu a Fazenda de Montes Claros (uma das três fazendas), situada nas cabeceiras do Rio Verde Grande, pela margem esquerda. Gonçalves Figueira, para alcançar mercado para o gado, construiu estradas para Tranqueiras, na Bahia, e para o Rio São Francisco.[12] Após a partida de Antônio Gonçalves Figueira, seus descendentes venderam as terras. O Alferes José Lopes de Carvalho adquiriu parte da fazenda, onde ergueu a capela, onde atualmente é a Igreja Matriz de Montes Claros. Em volta da capela foi se formando o Arraial das Formigas, o segundo povoado da Fazenda Montes Claros, que anos mais tarde se tornou a cidade com mesmo nome.[13]Casa do Alferes José Lopes de Carvalho

Evolução administrativa

124 anos após obtenção da Sesmaria, por Antônio Gonçalves Figueira, o arraial já estava suficientemente desenvolvido para tornar-se independente, desmembrando-se do município do Serro Frio (atual Serro). Pelo esforço dos líderes políticos, o município foi criado pela Lei de 13 de outubro de 1831, recebendo o nome de Montes Claros de Formigas. Sua vida como município independente iniciou-se em 1832, quando foi eleita e empossada a primeira Câmara Municipal. Em 1857, a então Vila (município) de Montes Claros de Formigas possuía pouco mais de 2 mil habitantes, pois os melhoramentos existentes eram os mesmos de quase todos os municípios da Província. Assim, pela Lei 802 de 3 de julho daquele ano, a Vila passou à condição de cidade, com o nome de Montes Claros. Apesar de ter iniciado sua vida como município independente em 1832 com a posse da primeira Câmara Municipal e a eleição de seu Agente Executivo (cargo equivalente a prefeito), tradicionalmente o aniversário da cidade é comemorado em 3 de julho (referência a 1857) e não em 16 de outubro (1832), quando foi criado o municipio por emancipação do Serro. Tal história foi relatada e esclarecida no artigo "A invenção do 3 de julho" publicado na revista Unimontes Cientifica.

Pela lei provincial nº 1398, de 27 de novembro de 1867, e lei estadual nº 2, de 14 de setembro de 1891, foi criado o distrito de Brejos das Almas (ex-povoado de São Gonçalo do Brejo das Almas), primeiro distrito do município. Com o passar do tempo, o território montes-clarense sofreu diversas perdas territoriais e reformulações administrativas, até que na década de 1980 passou a compor-se dos atuais distritos: Aparecida do Mundo NovoErmidinhaMiraltaNova EsperançaPanorâmicaSanta Rosa de LimaSão João da VeredaSão Pedro de Garça e Vila Nova de Minas.

Após a emancipação política, com o crescimento populacional, houve a necessidade de investimentos na infraestrutura urbana municipal. Em 1871, foi criado o Hospital de Caridade, depois chamado "Santa Casa de Caridade". Em 2 de fevereiro de 1880 foi instalada a Escola Normal de Montes Claros. Em 24 de fevereiro de 1884 saiu o primeiro número do Semanário "Correio do Norte". Dia 14 de setembro de 1886 foi a data da inauguração da Capela de Santa Cruz, conhecida simplesmente por Capela do Morrinho. E em 27 de outubro de 1892 foi criada a primeira linha telegráfica da cidade.

Crescimento econômico e demográfico

Em Montes Claros houve um grande processo de industrialização a partir da década de 1970. A atividade industrial, implantada a partir de incentivos fiscais e financeiros do poder público (federal, estadual e municipal) através da Superintendência de Desenvolvimento do Nordeste (SUDENE), fez com que a cidade se tornasse foco de um intenso fluxo migratório, o que gerou um crescimento urbano desordenado. Assim, o rápido processo de urbanização, agravado pela falta de planejamento, resultou numa diferenciação espacial intraurbana, com várias áreas demarcadas por focos de pobreza. Na década de 1980, alterações importantes ocorreram na malha urbana com a ocupação de vazios urbanos na região sul, reforma de avenidas para permitir um melhor fluxo de veículos, verticalização na área central e suas proximidades, alteração na distribuição espacial de diversas atividades e dispersão da periferia.

Com o passar do tempo, novas melhorias foram feitas, com fim de diminuir o índice de pobreza. Em 1970, 74,79% da população se encontrava em nível de pobreza, enquanto que em 2001 esta taxa era de 33,17%. Hoje a predominância do espaço rural foi e está sendo substituída pelo urbano, para atender às exigências da expansão urbana, dada pelo aumento das atividades produtivas na cidade (indústriacomércio e serviços) e pelo aumento da demanda habitacional, gerado pela concentração populacional. O limite entre o campo e a cidade está deixando de ser visível e a população do campo vem decrescendo a cada ano.